INTERVENÇÕES POÉTICAS
Destinado a publicação de poemas e intervenções poéticas de seu idealizador.
Bastante amor
que só depois que morre
é que se descobre o seu valor;
ai, ninguém socorre...
Pois se durante escorre,
por entre as almas,
esse grande porre;`
foram vãs as palmas.
A própria alma foi ao chão,
e nenhuma calma esconderá a ilusão
de que um dia tez, língua e paixão
se beneficiarão do novo verão.
HUMMM
toque a minha pele.
Sinta o quanto é macia,
suave.
Depois de tocar
não fuja,
fique comigo,
toque os meus lábios.
Então,
quando sentir o meu beijo,
o encontro do Paraná ao Panema,
peça mais.
Muito mais te darei;
farei quase tudo que pedir,
só não esperarei,
antes, vou partir.
Londrina, 29/09/2010
Incompreensível
Paz, chão, eu pré-ciso
Fertilidade
por suas posições
incríveis portentados
fazendo invasões
Contra todos
Multidões
Líderes
Com armas na mão
Um motivo
Tudo pela glória
mais um mito
é pela história
e um outro arco
uns cadáveres
armas
e cápsulas no chão
Nós temos funk
e vemos guerra
e temos sangue
regando à terra
do solo nasce ódio
mas há esperança
pois brotou a dor
em uma outra criança...
Salto Grande, 2005
Humanos programados
porém nada disso atrapalha e os faz abandonar
a luta por terrenos, casas e apartamentos
Sem escolhas é o que podem fazer
sem influências nada podem dizer...
sem união não saem do lugar
mas retificar a emoção é o que tentam
e continuam na mesma sem se movimentar
a revisão já foi feita a algum tempo atrás
e constatados os problemas nada puderam mudar
nada puderam fazer por ninguém
...
recauchutados pela desilusão
não irão fazer recall em seu coração
abandonados nada puderam fazer
e mesmo com a união não poderão vencer...
Cabreúva, 2003
Medíocre miséria essa razão humana.
O infeliz maledicente inseto desse aposento
A corroer esses frágeis fios de pensamento,
Que de tão ácidos não suportariam a cesariana,
Um bom trabalho está a arquitetar.
Peleja a decadência da podridão humana
Em ascensão por vis palavras, insana
Naturalmente, jamais sujeita a se acorrentar...
.
Verminose, tecer coisas ilusórias!
Pare, não se mova, será que vale continuar
A desprender do além sublime a vagar
A inconsciência indiscreta das memórias...
.
Deixai de lado as coisas mundanas,
Penetrai na essência das coisas ideais,
Corroei todos os sentimentos vitais,
Transportai-nos ao limbo das cabanas.
.
Medíocre miséria da razão humana.
Aposento infeliz o desse inseto benevolente,
Que corrói como ácido a quimera corrente,
Por o aborto não por fim a causa insana.
.
Phabiano, 13/07/2010
Projeção
Ai! Pelo teu corpo.
Ai! Pelo meus pêlos que se arrepiam com sua voz.
Alguns "ais" a mais pelo que é.
Outros pelo que quero.
Tudo em você me faz suspirar.
Seria tudo o que espero?! .
Uns suspiros, ou balbucios.
Só mais um estratagema.
Só, posso assumir estar confuso,
chegando até a sentir pena.
É um pesar eu ser assim,
egoista, como a gema.
Você me nutre, e eu aqui,
sofro a dura pena
de sentí-la tão serena.
Contudo, ingênua e pequena não, jamais.
É tão rara quanto Maria, ou como tantas tais
me domina, ludibria.
Diz que fará, e não faz.
Não me concede a alforria.
Acorrenta, atormenta, me desfaz...
Ó deus dos perdedores,
dos desgraçados apaixonados por si mesmos,
dos negros sofredores,
dos dentes brancos apáticos cariados pela rotina,
os ilumine, pois são todos amadores.
Sempre amam é sua sina!!!
Mas os olhos que atormentam,
o corpo que contamina,
e a voz que arrepia,
tudo e todas são minhas,
são as minhas fantasias.
O contato com eu-outro que imagina:
"quanto é bom esse sujeito";
"um bom amante se faz".
Atenua a dor no peito,
por ser humano, nada mais.
Uns tentam, com todas as forças, fazer esse eu parar,
mas não cessa,
e não é pesadelo.
É simplesmente o eu a amar.
E as flores me diriam:
"não a mereces".
Mas por quererem-me só consigo
em seu universo multicolorido...
Londrina, 14 de maio de 2010
Reencontro
Enquanto observava a grade baixa que substituía o muro, tão comum nos quintais paulistas, percebi o descuido aparente do local em frente à casa. Alguns chamariam o espaço observado de jardim, talvez o dono dele, mas eu concebi aquilo como uma pequena selva, reflexo da desorganização do dono.
Bati palmas.
Pá! Pá! Pá!
Nada. Nem um baixo zunido dos pequenos insetos “nativos”.
Repeti a ação.
Pá! Pá! Pá!
Uirlinummm – Abriu-se a porta, mas ninguém saia.
A impaciência começou a se apoderar de meus pensamentos. Doravante o medo do imprevisto era constante em mim.
Poauh – bateu e fechou-se a porta novamente. Meus batimentos cardíacos começaram a acelerar ao rítmo do meu descontrole emocional. Meus lábios, roxos de frio, tingiram-se de uma brancura pálida com a situação.
“Acho que não deve haver ninguém ai dentro” – refleti tentando convencer o eu próprio a manter-se na postura de macho que não se assusta em qualquer oportunidade.
Que nada; o pânico me assolava de tal maneira a fazer-me estagnado, não só pelos pés doloridos, ou pelo descontrole dos membros inferiores, mas pela sede incontrolável de aprender o desconhecido. Já não suportava mais esses sentimentos contraditórios manifestos em meus pensamentos. A situação estava fora de controle. Assumi pra mim mesmo que tudo era tenebroso naquela casa. Com isso, a angústia tomou conta do meu ser. Eu estava facilmente impressionável. Mas as lágrimas não rolavam, tendiam a continuar ofuscando minha "vista".
Oi – disse alguém que saiu de dentro da casa.
Não pude ver quem era. Quando tentei limpar os olhos eles ficaram ardentes pelos resíduos de tabaco grudados em meu indicador. Neste momento verti, copiosamente, lágrimas representativas do meu dissabor. Solucei de tanto chorar, como a dizer que a voz me agredira com o rouco “oi”.
Caramba! – disse um homem bruto enquanto agarrava-me em um amplexo sufocante. Esse era o dono da voz internalizada em meu inconsciente. Que coisa. Me desculpe! Como chegou até aqui?! Conseguiu me encontrar? – disse-me o homem tão desesperado quanto eu. Foi quando, finalmente, libertei-me da paralisia corporal e pude, quando a visão voltou, ver-me de cabelos e barbas grisalhas bem à minha frente.
Londrina, 26 de abril de 2010.
Sem título
me divirto com as palavras mortas.
Todos os vocábulos que fazem parte do passado
assolam, são meus pesadelos.
Entre o céu cinza
e o orvalho na pétala veludo
de uma rosa murcha
de lados carnudos
sofro a gargalhada do futuro...
O sorrir é de escárnio -
Um canto de bem-te-vi
com a investida do quero-quero -
e todos os ferrões e arpões galopeiam...
Tudo em minha direção!
Eles querem me ferir,
imprimir sua marca da solução!
Dizem existir.
Não sei não...
Pois a dor não é palavra,
é a representação da dor.
E a flor não é esperança!
Como o céu negro é amor?...
Acordo impregnado do perfume sangue
e aquele cheiro de metal inebriante
é tão rubro quanto a Rosa do passado
e volumoso, pois orvalhado...
Me tingiu de virtualidade.
E a musa,
e a Lágrima,
quais binários foram agora,
metarepressão estão a ser...